domingo, 30 de maio de 2010

Perguntas e Respostas sobre o Buddhismo

O que é o buddhismo?

  • O buddhismo é o conjunto de tradições religiosas que surgiram a partir dos ensinamentos de Buddha. Ele não inventou estes ensinamentos — o Dharma —, mas sim re-descobriu verdades atemporais que já tinham sido ensinadas pelos seres iluminados das eras passadas. Atualmente, o buddhismo é a religião mais difundida na Ásia, onde conta com aproximadamente 300 milhões de seguidores. Os primeiros contatos do buddhismo com o Ocidente aconteceram há muito tempo, mas somente a partir do século XIX é que houve um interesse maior por parte dos ocidentais.

O buddhismo é religião, uma filosofia, um sistema de psicologia?

  • A tradição buddhista abrange e transcende todos estes aspectos. Como religião, o buddhismo procura nos "religar" (re-ligare) à nossa verdadeira natureza. Como filosofia, o buddhismo enfatiza o "amor à sabedoria" (philo-sophia) no sentido mais elevado. E como psicologia, o buddhismo oferece um vasto "conhecimento da mente" (psykhe-logos). Acima de tudo, o buddhismo oferece um caminho que conduz ao fim do sofrimento.

O buddhismo é uma ciência?

  • Às vezes o buddhismo é descrito como uma "ciência da mente", no sentido de oferecer um sistema de conhecimento profundo do funcionamento da mente. Os métodos usados pelo Buddha para analisar a natureza das coisas são praticamente científicos. Seus ensinamentos surgiram a partir da profunda contemplação das leis naturais de causa e efeito e podem ser atestados por qualquer pessoa, independente de suas crenças. O próprio Buddha recomendou que seus discípulos devem analisar os ensinamentos e não simplesmente aceitá-los por mero respeito.

Quem é o chefe do buddhismo?

  • O buddhismo não possui uma hierarquia centralizada; cada tradição possui a sua própria estrutura organizacional. Muitos pensam que Sua Santidade o Dalai Lama, Tenzin Gyatso, é o "chefe" do buddhismo. Na verdade, Sua Santidade é o líder espiritual do povo do Tibet, ocupando uma importante posição dentro tradição tibetana Gelug. Entretanto, o Dalai Lama não é "chefe" do buddhismo, pois este posto sequer existe. Muitos praticantes buddhistas de outras tradições buddhistas e não-buddhistas têm grande respeito por ele.

Como são os ensinamentos buddhistas?

  • Há algumas características que permeiam os ensinamentos de Buddha. Qualquer ensinamento que esteja de acordo com estas características pode ser considerado buddhista: todas as coisas condicionadas (ou seja, que surgem de causas) são insatisfatórias; todas as coisas condicionadas são impermanentes; todas as coisas (condicionadas e incondicionadas) são destituídas de um "eu" ou de uma essência independente; apenas o nirvana oferece paz verdadeira. Algumas pessoas pensam que o "buddhismo é pessimista", que "só fala de sofrimento" e "nega a felicidade". Na verdade, o buddhismo adota uma visão realista de nossos problemas e oferece um caminho que conduz à mais elevada felicidade.

O que é o despertar?

  • O despertar, ou iluminação, é o estado mais elevado de virtude e sabedoria. No buddhismo não existe o conceito de "pecado original" porque todos os seres têm o potencial de atingir o despertar. Existe a iluminação dos ouvintes (shravaka-bodhi), aqueles que ouviram os ensinamentos de Buddha e atingiram o despertar; a iluminação dos realizadores solitários (pratyeka-bodhi), aqueles que atingiram a iluminação sem precisar ouvir os ensinamentos de um Buddha; e a iluminação completa e perfeita (samyaksambodhi), atingida apenas pelos Buddhas. Estes três tipos iluminação são progressivamente mais profundos e mais difíceis de atingir.

O que é nirvana?

  • O nirvana é a mais alta felicidade, um estado completamente além do sofrimento. Todos aqueles que atingiram algum grau de iluminação desfrutam da paz do nirvana. Aqueles que atingem o nirvana não estão mais sujeitos ao renascimento no samsara — a existência cíclica — porque estão além do ciclo da morte e renascimento. O samsara é condicionado, isto é, surge de causas e condições; já o nirvana é incondicionado, não depende de causas e condições. Por isso, o nirvana não é um lugar, pois transcende o espaço; e o nirvana é eterno, pois transcende o tempo. O nirvana não é a "extinção do ser", mas sim a "extinção do sofrimento".

Quais são os principais ensinamentos do buddhismo?

  • São as quatro nobres verdades: 1. Todos os seres estão sujeitos ao sofrimento (velhice, doença, morte, insatisfação etc.); 2. O sofrimento surge de causas (cobiça, raiva, ignorância etc.); 3. Ao eliminarmos as causas, o sofrimento é eliminado; 4. Praticando o nobre caminho óctuplo, o sofrimento e suas causas são eliminadas.

O que é o nobre caminho óctuplo?

  • É o caminho ensinado pelo Buddha que conduz ao despertar. Ele recebe este nome por ser dividido em oito práticas, geralmente agrupadas em três treinamentos.
Os Três Treinamentos SuperioresO Nobre Caminho Óctuplo
I. Sabedoria1. Visão Correta
2. Pensamento Correto
II. Ética (ou Moralidade)3. Fala Correta
4. Ação Correta
5. Meio de Vida Correto
III. Meditação6. Esforço Correto
7. Atenção Correta
8. Meditação Correta

Com o treinamento da ética, nossa mente chega a um estado tranqüilo, propício à meditação. E com o treinamento da meditação, é possível chegar à sabedoria que conduz ao despertar. O nobre caminho óctuplo também é conhecido como o "caminho do meio" porque é baseado na moderação e na harmonia, sem cair em extremos.


O que é sabedoria?

  • O termo sabedoria não se refere a um mero conhecimento intelectual. Sabedoria é o estado mental que conhece a verdadeira natureza das coisas. Entre as principais características da sabedoria, pode-se enfatizar o desapego e a compaixão — o serviço ativo pelo benefício dos outros.

O que é ética?

  • No buddhismo não há a idéia de "pecado", de uma ofensa causada pela quebra de um mandamento. Entretanto, existem alguns preceitos básicos que constituem a ética buddhista: não matar; não roubar; não ter uma conduta sexual indevida; não mentir; e não usar intoxicantes. Desta forma, são evitadas as ações que resultam em frutos negativos. Em seu lugar, os buddhistas cultivam as ações que conduzem a frutos positivos: praticam a bondade amorosa; a generosidade; o contentamento; a honestidade; e a atenção plena.

O que é meditação?

  • A meditação é um treinamento para purificar a mente de seus aspectos negativos — cobiça, raiva, ignorância — e em seu lugar cultivar os aspectos positivos — generosidade, compaixão, sabedoria. Existem diferentes estilos de meditação buddhista que foram preservadas por diversas tradições. Caso esteja interessado em praticar meditação, é recomendável procurar um professor qualificado de uma tradição autêntica.

O que é karma?

  • Karma signficia ação. Este termo refere-se à lei natural da causa e efeito, as ações e seus frutos. As ações podem ser feitas através da mente (os pensamentos), da fala (as palavras) e do corpo (as ações propriamente ditas). A analogia mais usada para explicar o karma é a do plantio de uma semente, que amadurece e faz surgir frutos. As ações hábeis (positivas) criam virtude e conduzem à felicidade, enquanto as ações inábeis (negativas) criam não-virtude e conduzem ao sofrimento. Apenas os seres iluminados não produzem mais karma, embora ainda estejam sujeitos aos frutos das ações anteriores.

O que é renascimento?

  • É o processo pelo qual os seres nascem novamente após a morte em um dos reinos da existência — entre os deuses, semideuses, humanos, animais, espíritos famintos ou seres dos infernos. O que determina o renascimento é o karma criado anteriormente. Todos os seres que nascem nestes reinos estão sujeitos à velhice, doença, morte e renascimento. Somente ao atingirem a iluminação eles se tornam livres deste ciclo. A palavra "reencarnação" não é muito apropriada pois, segundo o buddhismo, o que continua é o impulso kármico e não há uma "alma" ou "espírito" imortal migrando de um corpo para outro.

Os buddhitas acreditam em deuses?

  • O conceito buddhista de "deus" é diferente do conceito ocidental de um ser supremo, todo-poderoso, criador de todas as coisas. Os deuses não são onipotentes, onipresentes ou oniscientes. São apenas seres que acumularam grande virtude e renasceram em reinos onde desfrutam de muitos prazeres e longa vida. Mesmo assim, eles continuam sujeitos à morte e à queda nos outros reinos. Portanto, no buddhismo não existe a figura de um criador, ao qual devemos idolatrar e servir, nem a ameaça de sermos julgados e jogados no inferno caso não o obedeçamos. A meta da prática espiritual não é a de fugir para um paraíso, deixando os outros seres para trás, mas sim atingir a iluminação e trazer benefícios para todos — não apenas aos seres humanos, mas para todos os seres sem exceção.

Como surgiram o universo e os seres?

  • No buddhismo não existem mitos sobre a "criação". Não houve uma "causa primeira", não aconteceu um evento inicial isolado que possa ser rotulado como "a criação", nem haverá um evento final que possa ser chamado de "o fim do mundo". O tempo não tem início nem fim; da mesma forma, os reinos da existência cíclica não têm início nem fim. Todas as coisas surgiram de suas próprias causas e condições e estão sujeitas à cessação de acordo com essas mesmas causas e condições.

Quais são as escrituras buddhistas?

  • O cânone buddhista é conhecido como Três Cestos ou Tripitaka. Ele recebe este nome porque os ensinamentos do Buddha foram compilados em três grupos. Os discursos atribuídos ao Buddha e seus discípulos foram registrados em textos conhecidos comoSutras. As regras monásticas foram registradas em um conjunto de textos intituladoVinaya. Finalmente, os textos que lidam com questões metafísicas compõem oAbhidharma.

O que são as escolas buddhistas?

  • Conforme se espalhou pela Ásia ao longo dos séculos, a comunidade buddhista — aSangha — adaptou-se às necessidades locais e fez surgir diversas tradições, ou escolas. Todas as tradições autênticas possuem um núcleo comum de ensinamentos, como as quatro nobres verdades, o nobre caminho óctuplo etc. Cada escola enfatiza determinados aspectos e práticas do ensinamento buddhista. Conhecendo as diversas tradições, também podemos apreciar um pouco das belíssimas culturas orientais. No sul e sudeste asiático, a tradição predominante é a Theravada. Na China, na Coréia, no Japão e no Vietnã, desenvolveu-se o grande veículo ou Mahayana, cujas vertentes mais conhecidas são a escola Zen e a escola Terra Pura. Já no Tibet, Nepal, Mongólia e outras regiões próximas ao Himalaya, o buddhismo tântrico ou Vajrayana fez surgir quatro escolas — Nyingma, Kagyü, Sakya e Gelug.

sábado, 29 de maio de 2010

Bodhisattvas não devem ...

Primeiro

- Devem acatar as práticas e associações próprias dos bodhisattvas de modo a que possam expor este sutra em prol dos seres viventes.
Se um bodhisattva ou mahasattva é perseverante, gentil e dócil, nunca violento e sem se alarmar; e se em relação aos fenômenos ele não atua mas observa a verdadeira entidade dos fenômenos sem agir nem fazer qualquer distinção, então pode dizer serem estas as práticas de um bodhisattva e mahasattva.


Práticas Pacíficas (Anrakugyou hon)


Nessa altura, o príncipe do Dharma, Manjushri, bodhisattva e mahasattva, disse ao Buddha:
- Honrado Pelo Mundo, estes bodhisattvas empreenderam algo que é muito difícil.
Porque eles reverenciam e honram o Buddha, eles fizeram este grande voto de que nas eras malignas vindouras irão guardar, abrigar, ler, recitar e pregar este Sutra do Lótus.

Honrado Pelo Mundo, nas eras malignas vindouras, como devem estes bodhisattvas, mahasattvas pregar este sutra?

O Buddha disse a Manjushri:

- Se estes bodhisattvas e mahasattvas nas eras malignas vindouras desejarem pregar este sutradevem regular-se por quatro regras.

Primeiro

- devem acatar as práticas e associações próprias dos bodhisattvas de modo a que possam expor este sutra em prol dos seres viventes.

Manjushri, o que é que quero dizer com as práticas de um bodhisattva ou mahasattva?

Se um bodhisattva ou mahasattva é
perseverante, gentil e dócil, nunca violento e sem se alarmar; e se em relação aos fenômenos ele não atua mas observa a verdadeira entidade dos fenômenos sem agir nem fazer qualquer distinção, então pode dizer serem estas as práticas de um bodhisattva e mahasattva.

- Quanto às associações próprias para eles, bodhisattvas e mahasattvas
não devem relacionar-se proximamente com governantes, príncipes, ministros ou altos secretários.

Não devem relacionar-se proximamente com não budistas, Brahmans ou jains, ou com aqueles que compõe literatura secular ou livros elogiando os heréticos, nem devem associar-se de perto com Lokayatas ou anti-Lokayatas.

Eles não devem associar-se de perto a divertimentos arriscados, boxe ou luta, ou com atores ou outros empenhados em vários tipos de entretenimentos ilusórios, ou com chandalas, criadores de porcos, carneiros, galinhas ou cães, ou ainda com praticantes da caça, da pesca ou de outras atividades malévolas.

Se tais pessoas de tempos a tempos vierem ter com os bodhisattvas e mahasattvas, estesdevem pregar a Lei para eles, mas não devem esperar nada deles.

Além disso, não se devem associar com monges, monjas, leigos ou leigas que procurem tornar-se ouvintes, nem devem debater com eles ou visitá-los.

Não devem ficar na mesma sala que eles, ou no local onde se pratica ou na sala de leitura.

Não devem juntar-se a eles nas suas atividades.

Se eles vierem ter com os bodhisattvas e mahasattvas, estes devem pregar a Lei para eles de acordo com o que é apropriado, mas não devem esperar nada deles.

- Manjushri, o bodhisattva ou mahasattva
não deve, ao pregar a Lei às mulheres,
comportar-se de maneira que possa despertar nelas pensamentos de desejo,
nem deve deleitar-se ao vê-las.

Se ele entra na casa de outra pessoa, não deve envolver-se em conversas com as raparigas jovens, mulheres solteiras ou viúvas.

Nem deve aproximar-se dos cinco tipos de homens não masculinos nem ter qualquer relacionamento próximo com eles.

Ele não deve entrar na casa de outra pessoa sozinho.

Se por qualquer razão se impõe que entre sozinho, ele deve concentrar a sua mente exclusivamente em pensamentos sobre o Buddha.

Se ele tiver que pregar a Lei para uma mulher, ele não deve mostrar os seus dentes rindo nem deve deixar o seu peito ficar exposto.

Ele não deve ter qualquer relacionamento íntimo com ela, mesmo que em prol da Lei, muito menos por qualquer outro propósito.

- Ele
não deve deleitar-se na educação dos discípulos menores de idade, shramaneras ou crianças, e não deve deleitar-se em compartilhar o mesmo mestre com eles.

Ele deve ter prazer em se sentar constantemente em meditação, ficando em lugares sossegados e aprendendo a aquietar a sua mente.

Manjushri, estas são o que eu chamo as coisas a que ele, antes de mais, se deve associar.

- Depois, os bodhisattvas ou mahasattvas
devem ver todos os fenômenos como vazios, sendo essa a sua verdadeira entidade.

Eles não se invertem, não se movem, não regridem nem se revolvem.

Eles são como espaço vazio, sem natureza inata, para além do alcance de todas as palavras.

Eles não são nascidos, não emergem, não surgem.

Eles são sem nome, sem forma, sem verdadeiro ser.

Eles são sem volume, sem limites, sem impedimentos, sem barreiras.

É apenas devido a causas e condições que eles existem, e vêm a ser virados de cima para baixo, a nascer.

Daí que eu digo que devem constantemente ver assim as formas dos fenômenos.

Isto é o que eu chamo as segundas coisas a que um bodhisattva ou mahasattva se deveassociar.

Nessa altura, o Honrado Pelo Mundo, desejando expor uma vez mais o sentido das suas palavras, falou em verso, dizendo:

Se existirem bodhisattvas que numa era maligna vindoura
desejarem com corações destemidos pregar este sutra,
estes são os locais onde eles não devem entrar
e as pessoas com quem não devem ter relacionamentos próximos.

Em nenhum momento
devem relacionar-se
com governantes e príncipes de reinos,
ministros ou chefes de gabinete,
com quem estiver envolvido em entretenimentos perigosos
bem como com chandalas,
não-Buddhistas ou Brahmans.

Não devem associar-se com pessoas arrogantes
nem com os que aderem
obstinadamente ao Veículo Menor
e são versadas nos seus três repositórios.

Monges que violam os preceitos,
falsos arhats,
monjas que gostam de brincar e rir,
ou mulheres leigas que são
profundamente apegadas aos cinco desejos
ou que buscam a entrada imediata na extinção -
com todos esses
não se devem associar.

Se existirem pessoas
que venham com bons corações ter com o bodhisattva
para ouvirem a via do Buddha,
então o bodhisattva com um coração destemido
mas sem dar lugar a expectativas
deve pregar-lhes a Lei.

Mas viúvas e mulheres solteiras
e os diferentes tipos de homens não masculinos -
com todos estes ele
não se deve associar
ou lidar com intimidade.

Também
não deve associar-se
a carniceiros ou cortadores,
nem com os que caçam animais ou apanham peixe,
ou matam e ferem por lucro.

Com esses que trabalham na venda de carne
ou que oferecem mulheres e vendem os seus favores -
com pessoas destas
não se deve associar.

Com quem esteja envolvido em desportos perigosos,
lutas ou outros tipos de divertimentos,
ou com mulheres de natureza lasciva -
que nunca se associe com nenhuma destas pessoas.

Que nunca vá sozinho a lugares fechados
para pregar a Lei a uma mulher.

Quando pregar a Lei,
que não haja brincadeiras ou risos.

Quando entrar numa povoação para pedir comida,
deve levar outro monge consigo;
se não existir nenhum outro monge por perto,
com uma mente sem distrações
concentre-se no Buddha.

A isto é que eu chamo
as práticas e associações apropriadas.

Sendo cuidadoso em relação a estas duas,
pode-se pregar de forma tranqüila.

Não se deve falar em termos de
doutrinas médias ou inferiores,
ou doutrinas do condicionado ou do incondicionado,
do real ou do irreal.

Além disso,
não devem ser feitas distinções
dizendo, - Isto é um homem, isto é uma mulher.

Não tentem apreender os fenômenos,
entendê-los ou vê-los.

A isto é que eu chamo
as práticas do Bodhisattva.

Todos os fenômenos são vazios,
sem ser, sem qualquer constância eterna,
sem aparecimento nem extinção.

Isto é o que eu chamo
a posição adotada pelo sábio.

Da inversão desta Lei resultam distinções,
de que os fenômenos existem, não existem,
são reais ou irreais,
nascidos ou não nascidos.

Devem procurar locais sossegados,
aprender a aquietar a mente,
fazendo-a permanecer tranqüila,
imóvel como o monte Sumeru.

Todos os fenômenos
devem ser vistos
como sendo desprovidos de existência,
como espaço vazio,
sem firmeza ou consistência,
sem nascimento, sem aparecimento,
sem movimento ou regressão,
mantendo-se constantemente numa forma única
- a isto é que eu chamo o local onde se deve residir.

Se após eu entrar em extinção
existirem monges que levem a cabo
estas práticas e estas associações,
então, quando pregarem este sutra
serão livres de medo ou timidez.

Se um bodhisattva
entrar regularmente num local sossegado
e com a correta atitude mental
vir os fenômenos de acordo com a doutrina,
e então, levantando-se da sua meditação,
pelo bem do governante,
dos príncipes, ministros e demais pessoas,
brahmans e outros,
expuser, propagar,
explicar e pregar este sutra,
então a sua mente será tranqüila,
livre de medo ou timidez.

Manjushri,
a isto eu chamo o primeiro conjunto de regras
que o bodhisattva
deve manter
por forma a poder, em eras vindouras,
pregar o Sutra do Lótus.

Além disso, Manjushri, após o Tathagata ter passado à extinção, nos Últimos Dias da Lei, se alguém desejar pregar este sutra,
deve ater-se a estas práticas pacíficas.

Quando ele abrir a boca para expor ou quando ele ler este sutra, não deve deleitar-se em falar das faltas das outras pessoas ou escrituras.

Ele não deve mostrar desprezo pelos outros mestres ou falar dos gostos ou imperfeições das outras pessoas.

Em relação aos ouvintes ele não deve nomeá-los ou falar das suas faltas, nem nomeá-los e louvar as suas qualidades.

Não deve também deixar a sua mente encher-se de ressentimento ou ódio.

Porque ele é bom ao cultivar este tipo de mente pacífica, os seus ouvintes não se oporão às suas idéias.

Se lhe forem colocadas perguntas difíceis, ele não deve responder em termos de um Veículo Menor.

Deve explicar as coisas unicamente em termos do Grande Veículo por forma a que as pessoas possam adquirir a sabedoria que abarca todas as espécies.

Nessa altura, o Honrado Pelo Mundo, desejando expor uma vez mais o sentido das suas palavras, falou em verso, dizendo:

O bodhisattva
deve deleitar-se constantemente em pregar a Lei de forma tranqüila.

Num local puro e limpo ele
deve estender a sua esteira, untar o seu corpo com óleo, limpar o pó e as impurezas, vestir um manto novo e limpo e purificar-se exterior e interiormente.

Sentado confortavelmente no assento do Dharma,
deve pregar a Lei conforme as perguntas.

Se existirem monges ou monjas, homens ou mulheres leigos, governantes e príncipes, oficiais, cavalheiros e pessoas comuns, com uma expressão serena
deve pregar para eles as doutrinas maravilhosas e sutis.

Se houverem questões difíceis
deve responder de acordo com as doutrinas, empregando causas e condições, metáforas e parábolas para expor e fazer distinções, e através destes meios expeditos levar todos os que o escutam a aspirarem à iluminação, a aumentarem pouco a pouco os seus méritos e a entrarem na via do Buddhado.

Deve pôr de parte quaisquer idéias indolentes, todos os pensamentos de negligência ou facilidade, subtrair-se a preocupações e cuidados e com uma mente compassiva pregar a Lei.

Dia e noite, constantemente, ele
deve expor os ensinamentos da via insuperável,
empregando causas e condições, imensuráveis metáforas e parábolas
para instruir os seres viventes e fazer com que se alegrem.

Vestuário e dormida, comida, bebida e medicação - em relação a estas coisas ele
não deve ter expectativas, deve concentrar a sua mente nas razões para pregar a Lei, desejando completar a via do Buddha e fazer com que outros na assembléia o façam também.

Isso trará grande proveito para eles, constituindo uma oferta de paz.

Após eu ter passado à extinção se existirem monges capazes de expor este Sutra do Lótus da Lei Maravilhosa as suas mentes serão livres de inveja, raiva e de todas as preocupações e impedimentos.

Ninguém os incomodará, amaldiçoará ou insultará.

Eles não conhecerão o medo, não serão atacados por espadas ou paus,
nem serão nunca banidos, porque eles praticam a paciência.

As pessoas sábias serão capazes de cultivarem assim as suas mentes e encontrarão a paz tal como eu expus anteriormente.

As bênçãos dessas pessoas estão para lá de qualquer cálculo ,
metáfora ou parábola; milhares, dezenas de milhar, milhões de kalpas não seriam suficientes para os descrever.

- Além disso, Manjushri, se um bodhisattva ou mahasattva em idades vindouras, no último período, quando a Lei estiver quase a perecer, aceitar e abraçar, ler e recitar este sutra, ele
não deve dar lugar a uma mente marcada pela inveja, a bajulação ou o engano.

Ele não deve desprezar ou insultar aqueles que estudam o caminho do Buddha nem procurar os seus defeitos.

- Se existirem monges, monjas, leigos ou leigas que procurem tornar-se ouvintes ou pratyekabuddhas, ou que procurem a via do bodhisattva,
não se deve perturbá-los causando-lhes dúvidas ou remorsos, dizendo-lhes,

- Estais muito afastados do caminho e no final nunca sereis aptos para alcançar a sabedoria que abarca todas as espécies.
Por quê?
Porque sois pessoas auto indulgentes que negligenciam o caminho!

- Também
nunca devem envolver-se em debates frívolos sobre as várias doutrinas ou disputar ou discutir por causa delas.

Em relação a todos os seres viventes, devem pensar neles com grande compaixão.

Em relação ao Tathagata, pensem nele como um pai bondoso; em relação aos bodhisattvas, pensem neles como grandes mestres.

Para com os grandes bodhisattvas das dez direções, mantenham uma mente séria, prestando-lhes a devida obediência e respeito.

Pregai a todos os seres viventes a Lei de forma equânime.

Porque alguém é muito atento à Lei, isso não quer dizer que devam pregar mais ou menos.

Mesmo para aqueles que demonstram um profundo amor por a Lei não se deve por isso pregar mais demoradamente.

Manjushri, se de entre estes bodhisattvas e mahasattvas existirem alguns que, no último período, quando a Lei estiver prestes a perecer, conseguirem levar a cabo este terceiro conjunto de práticas pacíficas, então quando eles pregarem esta Lei, estarão livres de ansiedade e confusão, e encontrarão bons estudantes com quem poderão ler e recitar este sutra.

Atrairão uma grande assembléia de pessoas que virão escutar e aceitar.
Após terem ouvido, abraçarão,
após abraçarem, recitarão;
após recitarem, pregarão;
após pregarem, copiarão
ou farão com que outros copiem, e apresentarão oferendas aos rolos dos sutras,
tratando-os com reverência, respeito e louvor.

Nessa altura, o Honrado Pelo Mundo, desejando expor uma vez mais
o sentido das suas palavras,
falou em verso, dizendo:

Se desejais pregar este sutra,
deveis por de parte a inveja,
o ódio, a arrogância,
a mente bajuladora, enganosa e falsa,
e praticar constantemente
uma conduta honesta e reta.

Não olheis os outros com desprezo
nem mantenhais debates frívolos
sobre as várias doutrinas.

Não façais com que os outros
tenham dúvidas ou remorsos dizendo,

- Tu nunca te tornarás um Buddha!

Quando um filho de Buddha prega a Lei
ele é em todas as ocasiões gentil e cheio de tolerância,
tendo piedade e compaixão por todos,
nunca dando lugar a uma mente negligente ou indolente.

Os grandes bodhisattvas das dez direções
cumprem o caminho a partir da compaixão por todos.

Deveis lutar para os respeitar e reverenciar, dizendo,

- Estes são os grandes mestres!

Em relação aos Buddhas, os Honrados Pelo Mundo,
aprendei a olhá-los como pais extremosos.

Varrei a mente da vaidade e da arrogância
e pregai a Lei sem impedimento.

Este é o terceiro conjunto de regras;
os sábios devem guardá-las e obedecê-las.

Se observardes sem distrações estas práticas pacíficas,
sereis respeitados por imensuráveis multidões.

Manjushri, se de entre estes bodhisattvas e mahasattvas existirem alguns que no último período, quando a Lei estiver prestes a perecer, aceitarem e abraçarem o Sutra do Lótus,
devem cultivar para com os crentes que ainda não abandonaram a sua casa, ou aqueles que já abandonaram a sua casa, uma mente de grande compaixão, e devem pensar para si:

"Estas pessoas cometeram um erro grave.

Apesar do Tathagata, recorrendo a um meio expedito, pregar a Lei de acordo com o que é apropriado, eles não ouvem, não sabem, não percebem, não perguntam,
não acreditam, não entendem.

Mas apesar destas pessoas não perguntarem,
não acreditarem e não compreenderem este sutra, quando eu tiver alcançado annutara-samyak-sambhodi, onde quer que eu esteja, empregarei os meus poderes transcendentais e o poder da sabedoria para os atrair a mim e fazer permanecer nesta Lei."

- Manjushri, após o Tathagata ter entrado em extinção, se de entre os bodhisattvas e mahasattvas existirem alguns capazes de levar a cabo
este conjunto de regras,
então eles não cometerão
nenhum erro ao pregarem a Lei.

Monges, monjas, leigos e leigas,
governantes, príncipes, ministros,
pessoas comuns, brahmans e proprietários oferecer-lhes-ão constantemente esmolas e prestar-lhes-ão reverência,
respeito e louvor.

Os seres celestiais no céu,
de modo a ouvirem a Lei, constantemente os seguirão
e irão ter com eles.

Se eles estiverem numa povoação, cidade,
num lugar calmo e deserto
ou numa floresta e as pessoas vierem
e lhe colocarem questões difíceis,
os seres celestiais,
dia e noite pelo bem da Lei, guarda-los-ão e sustê-los-ão constantemente,
fazendo com que todos os ouvintes rejubilem.

Por quê?

Porque este sutra está protegido pelos poderes sobrenaturais de todos os Buddhas do passado, do presente e do futuro.

- Manjushri, quanto a este Sutra do Lótus, através de imensuráveis números de terras, é impossível sequer ouvir o seu nome,
quanto mais vê-lo,
aceitá-lo e abraçá-lo,
lê-lo e recitá-lo.

Manjushri,
supõe por exemplo, que existe um poderoso rei sábio que quer usar a sua força
para subjugar outros países,
mas os governantes mesquinhos
não cumprem as suas ordens.

Nessa altura o rei sábio
convoca as suas várias tropas e prepara-se para atacar.
Se o rei vê algum dos seus soldados que tenha ganhado distinções
no campo de batalha, ele fica deleitado e imediatamente recompensa
a pessoa em questão
de acordo com os seus méritos,
doando terras, casas,
povoados e cidades,
ou vestes e adornos de uso pessoal, ou dando talvez
objetos preciosos como ouro, prata, madrepérola,
ágata, coral ou âmbar,
ou elefantes, cavalos, carruagens,
servos e servas e gente.

Apenas a jóia brilhante
que está no topo da sua cabeça
ele não oferece.

Por quê?

Porque esta jóia existe
apenas no topo da cabeça do rei, e se ele fosse a oferecê-la, os seus súditos manifestariam
grande consternação e alarme.

- Manjushri,
o Tathagata é assim.

Ele usa o poder
da meditação e da sabedoria
para conquistar territórios do Dharma e tornar-se rei do triplo mundo.

Mas os reis demônios
não querem obedecer e submeter-se.

Os lideres militares
sábios e meritórios do Tathagata envolvem-se na batalha e quando algum dos soldados do Buddha
adquire distinção,
o Buddha fica deleitado
e entre os quatro tipos de crentes, ele prega vários sutras,
alegrando os seus corações.

Ele oferece-lhes meditações, emancipações, raízes e poderes livres de falhas, e outros tesouros da Lei.

Ele oferece-lhes também
a cidade do nirvana, dizendo-lhes que alcançaram a extinção, guiando as suas mentes
e fazendo-os rejubilar.

Mas ele não lhes prega
o Sutra do Lótus.



- Manjushri, quando o rei sábio
vê algum dos seus soldados que ganhou realmente
uma grande distinção, ele fica tão deleitado
que pega na jóia incrivelmente rara que há tanto tempo
se encontra no topo da sua cabeça, nunca tendo sido dada,
e oferece-a agora a esse homem.

O Tathagata faz o mesmo.

No triplo mundo
ele atua como o grande rei do Dharma.

Ele usa a Lei
para ensinar e converter
todos os seres viventes, atento aos sábios e meritórios exércitos, em luta com os demônios dos cinco componentes, os demônios dos desejos mundanos e o demônio da morte.

E quando eles ganharam
grandes distinções e méritos, secando os três venenos, vitoriosos sobre o triplo mundo e destruidores das redes dos demônios,
o Tathagata enche-se de grande alegria.

Este Sutra do Lótus
é capaz de fazer com que todos os seres viventes
alcancem a sabedoria.

Enfrentará muita hostilidade no mundo
e será difícil de acreditar.

Nunca antes foi praticado
mas agora eu prego-o.



- Manjushri, este Sutra do Lótus é o principal de entre todos os que o Tathagata prega.

Entre todos os que são pregados
é o mais profundo.

E é conferido em última instância, tal como esse profundo governante fez quando pegou na jóia brilhante que tinha guardado por tanto tempo
e finalmente a deu.



- Manjushri, este Sutra do Lótus
é o repositório secreto dos Buddhas,
os Tathagatas.

Entre os sutras,
detém o mais alto lugar.

Através da longa noite
eu guardei-o e protegi-o e nunca o propaguei imprudentemente.

Mas hoje,
pela primeira vez eu exponho-o para vosso benefício.



Nessa altura,
o Honrado Pelo Mundo, desejando expor uma vez mais
o sentido das suas palavras, falou em verso, dizendo:



Praticai constantemente a perseverança,
tende piedade de todos os seres,
e fazei o vosso melhor
para expor e pregar o sutra
louvado pelo Buddha.

Na última era vindoura
aqueles que abraçam este sutra devem,
quer se trate de pessoas
que não deixaram as suas casas,
pessoas que já as deixaram
ou pessoas que não sejam bodhisattvas,
cultivar a piedade e a compaixão,
dizendo,

- Se eles não ouvirem este sutra
e não acreditarem nele,
cometerão um grave erro.

Se eu conquistar a via do bodhisattva,
empregarei meios expeditos
e pregarei a Lei para eles,
fazendo com que a aceitem.

Suponham que existe
um poderoso rei sábio.

Os seus soldados
ganharam méritos na batalha
e ele recompensa-os
com vários artigos,
elefantes, cavalos, carruagens,
adornos pessoais,
campos e casas,
povoados e cidades,
ou oferece-lhes roupas,
vários tipos de objetos preciosos,
servos e servas,
riquezas e bens,
atribuindo tudo isto alegremente.

Mas se existir
alguém corajoso e forte,
que consiga levar a cabo feitos difíceis,
o rei tira a jóia brilhante do seu toucado
e oferece-a a esse homem.

O Tathagata é assim.

Ele procede
como rei das doutrinas,
possuindo
o grande poder da perseverança
e o precioso
repositório da sabedoria,
e com a sua grande
piedade e compaixão
converte as eras
de acordo com a Lei.

Ele vê todas as pessoas
enquanto padecem
de sofrimento e ansiedade,
procurando a emancipação,
lutando com os demônios,
e pelo bem dos seres viventes
ele prega as várias doutrinas,
empregando grandes meios expeditos
e pregando estes sutras.

Quando ele sabe
que os seres viventes
alcançaram poderes através deles,
então,
no último momento,
pelo seu bem,
ele prega este Sutra do Lótus,
tal como o rei
que desata o seu toucado
e oferece a sua jóia brilhante.

Este sutra deve ser honrado
como o maior de entre os sutras.

Constantemente
eu o guardo e protejo,
e não o revelo
propositadamente.

Mas agora
é a altura certa
para eu o pregar para vós.

Após eu ter entrado em extinção,
se alguém procura a via do Buddha
e espera ser capaz
de a expor tranqüilamente,
então ele
deve associar-se intimamente
às quatro regras descritas.

Qualquer um que leia este sutra
estará em todas as ocasiões
livre de preocupações e ansiedade;
igualmente
será livre de doenças ou dores,
a sua expressão
será fresca e brilhante.

Ele não nascerá na pobreza ou necessidade,
nem em circunstâncias humildes ou adversas.

Os seres viventes
alegrar-se-ão ao vê-lo
e olha-lo-ão
como a um sábio meritório.

Os jovens filhos dos seres celestiais
irão esperá-lo e servi-lo.

Espadas e paus não o atingirão
e os venenos não terão poder para o atingir.

Se as pessoas o maldisserem e insultarem,
as suas bocas serão fechadas e caladas.

Ele passear-se-á sem medo como o rei leão.

A sua sabedoria
será brilhante como o sol;
mesmo nos seus sonhos
ele verá apenas coisas maravilhosas.

Ele verá os Tathagatas
sentados nos seus tronos de leão,
pregando a Lei,
rodeados por multidões de monges.

Ele verá dragões, espíritos,
asuras e outros,
numerosos como as areias do Ganges,
com as palmas das mãos
unidas reverentemente,
e pregará a Lei para eles.

Verá ainda Buddhas,
os seus corpos imbuídos
de um brilho dourado,
emitindo imensuráveis raios
que brilham sobre todas as coisas,
empregando os sons Brahma
para exporem as doutrinas.

Aos quatro tipos de crentes
o Buddha pregará a Lei insuperável,
e ele ver-se-á na sua presença,
unindo as palmas das mãos
louvando o Buddha.

Ele ouvirá a Lei com deleite
e oferecerá esmolas.
Obterá dharanis
e conhecerá
a sabedoria que é sem regressão.

E quando o Buddha souber
que a sua mente
entrou profundamente na via do Buddhado,
dar-lhe-á uma profecia
de que alcançará
a mais alta e correta iluminação.

- Tu,
bom homem,
numa era vindoura
obterás sabedoria imensurável,
o grande caminho do Buddha.

A tua terra será adornada e pura,
incomparavelmente vasta e grande,
com os quatro tipos de crentes
que com as palmas das mãos unidas
ouvirão a Lei.

Ele ver-se-á ainda
no meio de montanhas e florestas
praticando a boa Lei,
entendendo
a verdadeira natureza de todos os fenômenos,
profundamente imerso em meditação
e vendo os Buddhas das dez direções.

Os Buddhas,
com os seus corpos
de um brilho dourado,
adornados com as marcas
de uma centena de diferentes bons auspícios,
ouvir a Lei
e pregá-la às pessoas -
esses são os bons sonhos
que ele tem constantemente.

Ele sonhará ainda
que é rei de um país
e abandona os seus palácios e assistentes
e os soberbos
e maravilhosos objetos dos cinco desejos,
dirige-se para o lugar da prática
e sob uma árvore bodhi
senta-se num assento de leão,
buscando a via,
e após sete dias
alcança a sabedoria dos Buddhas.

Tendo sido bem sucedido
na via insuperável,
levanta-se
e faz girar a roda da Lei,
pregando a Lei
aos quatro tipos de crentes,
durante milhares,
dezenas de milhar,
milhões de kalpas,
pregando a maravilhosa Lei
isenta de falhas,
salvando imensuráveis seres viventes.

Depois ele entrará no nirvana
como fumo que se dissipa
quando a chama se esgota.

Se na época maligna vindoura
alguém pregar esta suprema Lei,
essa pessoa ganhará grandes benefícios,
bênçãos tais como as acima descritas.