sexta-feira, 29 de julho de 2011

O Sutra do Bodhisattva Mérito Universal

Assim ouvi dizer. De certa feita o Buda quedava-se no salão de assembléia de dois andares no Mosteiro da Grande Floresta, Vaisali; então ele dirigiu-se a todos os bhikshus, (dizendo): “Depois de três meses, certamente eu entrarei no parinirvana”. Com isto o honrado Ananda levantou-se de seu assento, endireitou suas roupas, e de palmas juntas e mãos dobradas ele fez uma procissão ao redor do Buda três vezes e o saudou, ajoelhando de mãos postas, e atentamente fitou o Tathagata sem desviar seus olhos por sequer um momento. O ancião Maha-Kasyapa e o Bodhisattva-Mahasattva Maitreya também levantaram-se de seus assentos, e de mãos postas o saudaram e fitaram sua face honrada. Então os três grandes lideres em uníssono falaram ao Buda, dizendo: “Honrado pelo Mundo! Depois da extinção do Tathagata, como podem seres vivos levantarem a mente do bodhisattva, praticarem os sutras da Grande Extensão, o Grande veículo, e ponderarem o mundo da realidade única com o pensamento correto’? Como podem eles deixar de perder a mente do budado supremo? Como, sem cortar fora seus cuidados mundanos e renunciando aos seus cuidados mundanos e renunciando aos cinco desejos, podem eles também purificar seus órgãos e destruírem seus pecados? Como, com os olhos naturais puros recebidos no nascimento de seus pais e sem abandonar seus cinco desejos, podem ver todas as coisas sem impedimento’?”

O Buda disse a Ananda: Ouça atentamente o que vou dizer! Ouça atentamente, pondere, lembre disto! Desde antanho no Monte Grdhrakuta e em outros lugares o Tathagata já havia extensivamente explicado o caminho da realidade única. Mas agora neste lugar, para todos os seres vivos e outros no mundo que virá que desejarem praticar a Lei suprema do Grande veículo e para aqueles que desejarem aprender os trabalhos de Virtude Universal e seguir os trabalhos de Virtude Universal, eu agora pregarei a Lei que eu cogitei. Eu agora amplamente tornarei claro para você a questão de eliminar numerosos pecados de qualquer pessoa que possa ver ou não Virtude Universal. Ananda! O Bodhisattva Virtude Universal (Samantabhadra) nasceu na Terra Pura Maravilhosa do leste, cuja forma eu já clara e extensivamente abordei no Sutra das Flores Miscelâneas. Agora eu, neste sutra, a explicarei brevemente (novamente).

“Ananda! Se houver bhikshus, bhikshunis, upasakas, upasikas, os oito grupos de deuses e dragões, e todos os seres vivos que recitem o Grande Veículo, o praticarem, aspirarem por ele, se alegrarem em ver a forma e o corpo do Bodhisattva Virtude Universal, tiverem prazer em ver a stupa do Buda Tesouros Abundantes, ficarem alegres em ver o Buda Sakyamuni e os budas que dele emanaram, e se alegrarem em obter a pureza dos seis órgãos, eles devem aprender esta meditação. Os méritos desta meditação os fará livres de todos obstáculos e os fará ver as formas excelentes. Apesar deles não terem ainda entrado na contemplação, somente porque eles recitam e mantém o Grande Veículo eles terão se devotado a praticá-lo, e depois de terem suas mentes continuamente no Grande Veículo durante um dia ou três vezes sete dias, eles serão capazes de ver Virtude Universal; aqueles que têm um pesado impedimento o verão depois de sete vezes sete dias; novamente, aqueles que tiverem um mais pesado ainda o verão após um nascimento; novamente, aqueles que tiverem um muito pesado o verão depois de dois nascimentos; novamente, aqueles que tiverem um ainda maior impedimento o verão após três nascimentos. Assim a retribuição de seus karmas é variado e não igual. Por esta razão, eu prego a virtude de formas variadas.
‘O Bodhisattva Virtude Universal é sem limites no tamanho de seu corpo, sem limites no som de sua voz, e sem limites na forma de sua imagem. Desejando vir a este mundo, ele faz uso de seus poderes transcendentes livres e diminui sua estatura a um pequeno tamanho (de um ser humano). Porque as pessoas no Jambudvipa têm os três obstáculos pesados2, com seu poder de sabedoria ele aparece transformado como montado num elefante branco. O elefante tem seis presas3 e, com suas sete pernas4, sustenta seu corpo no chão. Sob suas sete pernas sete flores de lótus crescem. O elefante é tão branco quanto a neve, a mais brilhante de todas tonalidades de branco, tão puro que mesmo o cristal e as Montanhas do Himalaya não podem ser comparados com ele. O corpo do elefante é de quatrocentos e cinqüenta yojanas de comprimento e quatrocentas yojanas de altura. No fim de suas seis presas existem seis piscinas de banho. Em cada piscina de banho crescem flores de lótus exatamente do tamanho das piscinas. As flores estão completamente desabrochadas como o rei das árvores celestes. Em cada urna destas flores está uma filha preciosa cujo semblante é vermelho como carmesim e cuja radiância supera aquela das ninfas. Na mão daquela filha aparecem, transformadas por si mesmas, cinco harpas e cada uma tem quinhentos instrumentos musicais como acompanhamento. Existem quinhentos pássaros incluindo patos, gansos selvagens, e patos mandarins, todos tendo a cor de coisas preciosas, surgindo entre as flores e folhas. Na tromba do elefante há uma flor, e seu caule é da cor de uma pérola vermelha. Aquela flor dourada ainda é um broto e não desabrochou. Tendo terminado de perceber esta questão, se a pessoa novamente se arrepender dos seus pecados, meditar no Grande Veículo atentamente com devoção completa, e ponderar esta questão em sua mente incessantemente, ele será capaz de ver a flor instantaneamente desabrochar e abrir com uma cor dourada. A taça da flor de lótus é uma taça de gemas kimsuka com maravilhosas jóias Brahma, e os estames são de diamante. Um buda transformado5 é visto sentado nos estames da flor de lótus. Das sobrancelhas do buda transformado um raio de luz é enviado e entra na tromba do elefante. Este raio, tendo a cor de uma flor de lótus vermelha, emana da tromba do elefante e entre em seus olhos; o raio então emana dos olhos do elefante entra em seus ouvidos; então emana dos ouvidos do elefante, ilumina sua cabeça e muda para uma taça dourada. Na cabeça do elefante existem três homens transformados: um segura uma roda dourada, um outro uma jóia, e um outro um peso de diamantes. Quando ele levanta o peso e o aponta para o elefante, este último anda poucos passos imediatamente. O elefante não pisa no chão, mas paira no ar a três metros acima da terra, e, contudo o elefante deixa no chão suas pegadas, que são completamente perfeitas, marcando o eixo da roda com mil raios. De cada (marca do) cubo da roda cresce uma grande flor de lótus, na qual o elefante transformado aparece. Este elefante também tem sete pernas e caminha depois do grande elefante. Cada vez que o elefante transformado levanta e abaixa suas pernas, sete mil elefantes aparecem, todos seguindo o grande elefante como seu séqüito. Na tromba do elefante, tendo a cor de urna flor de lótus vermelha, há um buda transformado que emite um raio de suas sobrancelhas. Este raio de luz, como mencionado anteriormente, entra na tromba do elefante; o raio emana da tromba do elefante e entra no seu olho: o raio então emana dos olhos do elefante e novamente entra nos seus ouvidos: então emana dos ouvidos do elefante e alcança sua cabeça. Gradualmente subindo para as costas do elefante, o raio é transformado numa sela dourada que está adornada com os sete preciosos. Nos quatro lados da sela estão pilares dos sete preciosos, que estão decorados com coisas preciosas, formando um pedestal de jóias. Neste pedestal há um estame de flor de lótus portando os sete preciosos, e este estame está também composto de cem jóias. A taça daquela flor de lótus é feita de uma grande jóia.

2 Arrogância. inveja e cobiça.

3 Sugerindo a pureza dos seis órgãos dos sentidos: olho, ouvido, nariz, língua. corpo e mente.

4 Sugerindo a ausência dos sete males: matar, roubar, cometer adultério, mentir, falar mal de outros.

5 linguajar impróprio, e tendo língua dupla.