terça-feira, 20 de julho de 2010

A Casa em Chamas

O Buddha disse para Shariputra, “Muito bem, muito bem. É tal como disseste. Shariputra, assim é o Honrado pelo Mundo. Ele é um pai para o mundo. Os seus medos, preocupações e ansiedades, ignorância e incompreensão chegaram há muito ao fim, sem que tivessem deixado resíduo. Ele foi completamente bem sucedido na aquisição de imensurável sagacidade, poder e liberdade perante o medo, tendo ganho poderes sobrenaturais e o poder da sabedoria. Ele está investido com os meios expeditos e com o paramita da sabedoria, a sua misericórdia e grande compaixão são constantes e sem esmorecimento; em todas as ocasiões ele procura o que é bom para beneficio de todos.

“Ele nasce no triplo mundo, numa casa em chamas, velha e decrépita, por forma a salvar os seres viventes das fogueiras do nascimento, da velhice, da doença e da morte, da preocupação e do sofrimento, da estupidez, da incompreensão e dos três venenos; para ensiná-los e convertê-los permitindo-lhes alcançar anuttara-samyak-sambhodi.

“Ele vê os seres viventes atormentados e consumidos pela velhice, doença e morte, preocupação e sofrimento, vê-os incorrer em muitas formas de dor devido às suas ganâncias e apegos e lutar assoberbados por numerosas penas na sua presente existência, e Vê-os incorrerem depois na pena de nascerem no inferno ou como animais ou espíritos esfomeados. Mesmo que nasçam no reino dos seres celestiais ou no reino dos humanos, eles padecem a dor da pobreza e da necessidade, a dor da separação dos entes queridos, a dor do encontro com aqueles que detestam - todas estas diferentes formas de dor.

“Apesar de afundados no meio de tudo isto, os seres viventes divertem-se e deleitam-se, inconscientes, alheados, sem alarme ou medo. Eles não têm qualquer sentido de vontade e não fazem qualquer tentativa para escaparem. Nesta casa em chamas que é o triplo mundo, eles correm para Este e Oeste, e apesar de encontrarem grandes dores, não ficam aflitos por se libertarem.

“Shariputra, quando o Buddha vê isto, pensa para si mesmo, eu sou o pai dos seres viventes e devo resgatá-los dos seus sofrimentos e dar-lhes a alegria da imensurável e ilimitada sabedoria Búddhica de modo a que eles possam regozijar-se disso.

“Shariputra, o Tathagata tem também este pensamento: se eu meramente empregasse poderes sobrenaturais e o poder da sabedoria; se eu puser de lado os meios expeditos e, pelo bem dos seres viventes, louvar apenas o Tathagata na sua sagacidade, poder e liberdade perante o medo, então os seres viventes não seriam capazes de conquistar a salvação. Porquê? Porque os seres viventes ainda não escaparam do nascimento, velhice, doença, morte, preocupação e sofrimento, mas estão consumidos pelas chamas da casa a arder que é o triplo mundo. Como podem eles ser capazes de entender a sabedoria do Buddha?