sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Admoestação


Posterior admoestação de Shakyamuni



[40] Buda disse a Maitreya, “Explicarei ainda mais. Tais são as aflições dos cinco males neste mundo. (http://apenasconhecimento.blogspot.com/2010/10/cinco-males.html) Os cinco sofrimentos e os cinco fogos surgem deles continuamente. As pessoas não praticam senão o mal e não cultivam raízes de virtude e por isso é natural que vão todas para os mundos negativos. Mesmo nesta vida sofrem de doenças incuráveis. Desejando a morte, não podem morrer; apegados à vida não podem viver. Assim são um exemplo para os outros de como é a retribuição pelos maus actos. Depois da morte, arrastados pelo seu mau karma, caem nos três planos negativos, onde sofrem incontáveis torturas e são entregues às chamas.

“Após um longo tempo nascem de novo neste mundo, apenas para fomentar o ódio uns contra os outros. Ao princípio o ódio é ligeiro mas finalmente desenvolve-se até se tornar um mal maior. Tudo isto é devido ao seu apego ganancioso pela riqueza e pelos prazeres sensuais e pela sua recusa em partilhar com os outros. Além disso, pensamentos obstinados surgem dos desejos nascidos da estupidez. A sua sujeição às paixões negativas nunca será cortada. Na busca do ganho egoísta, não têm possibilidade de reflectirem nos seus males e voltarem-se para o bem. Quando são abastados e prósperos, estão contentes e não aprendem a ser modestos e virtuosos. Por consequência, a sua pompa e poder são de curta duração; quando estes se esgotam têm de sofrer novas aflições. O seu sofrimento está destinado a aumentar nos tempos vindouros.

“A lei do karma opera assim como uma rede que tudo alcança, nas suas malhas apanha inevitavelmente todos os malfeitores. A rede, tecida com fios longos e curtos, cobre o mundo inteiro de alto a baixo, e aqueles nela apanhados sentem-se completamente sem saída e tremem de medo. Esta rede existe desde há muito. Que doloroso e dilacerante!”

O Buda disse a Maitreya, “As pessoas deste mundo são tais como as descrevi. Todos os Budas se compadecem delas e com os seus divinos poderes destroem os seus males e conduzem todas à ventura. Se desistires das noções erróneas, se te firmares nas escrituras e preceitos e praticares a Via sem cometer qualquer falta, serás então finalmente capaz de alcançar o caminho da emancipação e do Nirvana.”

O Buda continuou, “Tu e os outros devas e humanos do presente e as pessoas das gerações futuras, tendo recebido os ensinamentos de Buda, devem reflectir sobre eles e, enquanto as seguem, devem permanecer rectos em pensamento e levar a cabo acções virtuosas. Os governantes devem guiar-se pela moralidade, reger com beneficência e estabelecer que todos devem manter uma conduta própria, prestar reverência aos sábios, respeitar os homens de virtude, ser benevolentes e gentis para com os outros e ter cuidado de não descurar os ensinamentos e admoestações do Buda. Todos devem procurar a emancipação, cortar as raízes do Samsara e os seus vários males e assim aspirarem a escapar dos caminhos de sofrimento imensurável, medo e dor nos três planos negativos.

“Neste mundo, deveis plantar extensamente raízes de virtude, ser benevolentes, dar generosamente, abster-se de quebrar os preceitos, ser paciente e diligente, ensinar as pessoas com sinceridade e sabedoria, fazer acções virtuosas e praticar o bem. Se observarem estritamente os preceitos de abstinência com um pensamento recto e atenção plena, ainda que por apenas uma dia e uma noite, o mérito assim adquirido superará o de praticar do bem na terra de Amitayus durante cem anos. A razão é que nessa Terra de Buda de Espontaneidade e sem esforço, todos os habitantes praticam o bem sem cometer nem um mal da espessura de um cabelo. Se neste mundo praticarem o bem por dez dias e noites, o mérito ultrapassará o de praticarem o bem nas Terras de Buda das outras direcções durante um milhar de anos. A razão é que nas Terras de Buda das outras direcções, muitos praticam o bem e poucos cometem o mal. São terras onde tudo é providenciado naturalmente como resultado dos méritos e virtudes de cada um e assim nenhum mal é cometido. Mas neste mundo muito mal é cometido, e poucos são providos naturalmente; as pessoas têm de trabalhar duramente para obterem o que querem. Uma vez que pretendem enganar-se uns aos outros, as suas mentes são perturbadas, os seus corpos exaustos e eles bebem amarguras e comem dificuldades. Desta forma, de tão preocupados com os seus afazeres não têm um tempo para descansar.

“Com piedade por ti e por todos os outros devas e humanos, aceitei uma grande dor para vos exortar a praticar boas acções. Dei-vos instruções apropriadas às vossas capacidades. Vocês aceitaram sem falhas os meus ensinamentos e praticaram-nos e entraram assim na Via de acordo com a vossa vontade.

Onde quer que o Buda esteja, não existe estado, aldeia ou cidade que não seja abençoada pelas suas virtudes. Todo o país repousa em paz e harmonia.. O sol e a lua cintilam com brilho puro; o vento sopra e a chuva cai na altura certa. Não existem calamidades ou epidemias e assim o país torna-se abastado e o seu povo goza de paz. Os soldados e as armas tornam-se inúteis; as pessoas praticam a benevolência e cultivam diligentemente uma modéstia cortês.”

O Buda continuou, “A minha preocupação com vocês, devas e humanos, é maior que o cuidado dos pais pelos filhos. Tornei-me um Buda neste mundo, destruí os cinco males, removi os cinco sofrimentos e extingui os cinco fogos. Combati o mal com o bem, erradiquei o sofrimento do nascimento-e-morte e permiti que as pessoas obtivessem as cinco virtudes e alcançassem a paz do Nirvana incondicional. Mas depois de eu partir deste mundo, o meu ensinamento declinará gradualmente e as pessoas cairão presas da lisonja e engano e cometerão vários males, resultando no recrudescimento dos cinco sofrimentos e dos cinco fogos. À medida que o tempo for passando, os seus sofrimentos intensificar-se-ão. Uma vez que é impossível descrever isto detalhadamente, fiz apenas um breve resumo.

O Buda disse a Maitreya, “Deve cada um ponderar bem nisto, ensinar e admoestar-se mutuamente e estar de sobreaviso quanto a desrespeitar as instruções do Buda.

O Bodhisattva Maitreya, com as palmas das mãos unidas, disse, “Ó Buda, como é sincera e grave a tua admoestação! As pessoas do mundo são tais como as descreveste. Ó Tathagata, compadeceste-te de nós e protegeste-nos sem discriminação e procuraste libertar-nos a todos do sofrimento. Tendo aceite as repetidas exortações do Buda, serei cuidadoso em não lhes desobedecer.”

fonte: http://budadharma.paginas.sapo.pt/amitaba_II.htm