sábado, 24 de abril de 2010

Sexo virtual

Sexo virtual CRP 06/31768-3
Terapeuta Sexual

(Entrevista concedida pelo Psicólogo Pedrosa ao editor da Revista Sexsites, João Marinho)

Sob a óptica da psicologia, que mudanças à prática do sexo virtual trouxe para a sexualidade humana? Seria apenas uma forma de "atualizar" fantasias que, até então, ficavam restritas à mente?
A Internet é uma das mais fantásticas invenções da humanidade. Aproxima às pessoas tornando nosso planeta uma verdadeira aldeia global. O sexo virtual tem um lado saudável e outro prejudicial à saúde emocional do internauta. O lado saudável é que a Internet proporcionou a democratização das informações sobre sexo e sexualidade, o que é muito bom. Aproximou, também, as pessoas por afinidades para que possam se conhecer, através das salas de bate-papo, grupos de discussão etc. Fruto deste contato, as pessoas podem se aproximar objetivando um relacionamento com ligação amorosa ou só praticar o sexo virtual ou real. Esta relação pode se fortalecer e surgir até um casamento. Este padrão, ainda, é raro através da Internet. A maioria das relações surgida na Web é superficial e passageira. O sexo puramente virtual através de salas de bate-papo, web camera etc. onde as pessoas se excitam sexualmente para atingirem o orgasmo, é uma forma de estimulação sexual. No passado, quando não existia a Internet, a moçada se estimulava sexualmente vendo vídeos ou revistas eróticas. Na Internet esta estimulação fica mais interessante, pois temos a visão, a audição e a escrita. Mais elementos para estimulação sexual. Vejo isto como algo saudável. O sexo virtual trouxe novas possibilidades para se desenvolver a sexualidade e colocar em prática às fantasias sexuais. O lado prejudicial à saúde emocional do internauta é quando ele fixa o padrão de só obter a estimulação sexual através da Internet e não procura um relacionamento real, seja via Internet ou fora dela. Agindo assim, esta pessoa demonstra que tem algum desequilíbrio emocional.

Em uma recente matéria que fiz sobre infidelidade, um corpo de detetives me informou que a Internet é hoje a principal causa de separações e divórcios, já que é uma ferramenta incrível para achar parceiro sexual e possibilitar uma traição. Em sua visão, como psicólogo, existe um potencial próprio da Internet em propiciar essa "vontade de trair" ou se trata apenas de facilitar a realização de uma vontade que já existia?
A Internet facilita a chamada traição sim, pois coloca às pessoas em contato de forma rápida. Aqui, existem duas questões: pessoas que estão muito bem casadas, gostam da sua parceira, mas entram na Internet para se distrair e relaxar, pois os salas de bate-papo, também, tem a função de lazer. A pessoa relaxa quando tecla e o assunto é sexo. A outra questão é quando o relacionamento já se encontra desgastado e a pessoa usa à Internet como mais um recurso para procurar outra parceria sexual. Então, o problema não é a Internet, mas sim o relacionamento ou casamento desgastado. Quando não existia a Internet as pessoas, também, traíam e utilizavam outros recursos: anúncio em jornal, telefone, paquera na rua, shopping center etc.

Você já tratou, em seu consultório, de algum paciente com problemas de ordem psicológica e sexual relacionados a Web? Qual era o problema? A Internet tem criado uma nova demanda nesse sentido?
Sim, são clientes que apresentam algum tipo de transtorno de personalidade. Tenho atendido alguns casos de internautas que sofrem do Transtorno da Personalidade Obsessivo-compulsiva. Este transtorno se caracteriza por uma obsessão por determinada prática – sexo através da Internet – e a repetição desta prática. É algo que provoca sofrimento, porque o cliente fica horas a fio na rede se masturbando e se estimulando sexualmente. Esta prática traz prejuízo emocional ao cliente, pois ele perde o contato com o mundo real, ficando isolado socialmente.

Qual a sua visão a respeito do chamado sexo virtual, pessoa que "transam" por meio de um bate-papo ou aplicativo de mensagens instantâneas. É saudável e interessante? Há repercussões nos relacionamentos com outras pessoas, especialmente se há um namoro "real" com alguém?
É saudável deste que não se torne uma prática repetitiva e exclusiva. Com relação à pessoa que namora e procura outros relacionamentos na Web, significa que este namoro não é muito firme. Se você estiver ligado verdadeiramente ao parceiro(a) e seu relacionamento é harmonioso e equilibrado, não haverá necessidade de você procurar alguém na Internet. Se há o desgaste, aí sim, você procurará outras pessoas não só na Internet, mas na escola, no trabalho, na rua etc.

Afinal, sexo virtual é traição?
Traição é algo muito relativo, depende da visão de cada um, formação religiosa etc. Pensar em fazer sexo com outra pessoa, que não seja o(a) parceiro(a), é traição? Para alguns sim, para outros não. Alguns dos meus clientes defendem a idéia que o sexo virtual não é traição, só é traição o sexo real. O sexo virtual seria uma brincadeira. Outros acham que o sexo virtual é traição, assim como o real.

É possível, psicologicamente falando, manter uma relação unicamente on-line? Apaixonar-se por uma pessoa sem nunca tê-la visto ou tocado, por exemplo?
Sim, é possível. Se este padrão não desemboca para algo real se torna muito perigoso, pois fica só no campo da fantasia e imaginação, podendo haver prejuízo psicológico. Alguns perdem contato com o mundo real e podem desenvolver algum tipo de desequilíbrio emocional sério.

Na sua opinião, a Internet pode ser uma ferramenta efetiva para uma vida sexual satisfatória? Por quê e em quais condições?
O princípio é o seguinte: o sexo virtual serve para aproximar pessoas e o sexo real para consolidar ou não um relacionamento, amoroso e/ou sexual destas pessoas. Dentro deste princípio, é possível compreendermos a Internet como uma ferramenta efetiva para uma vida sexual satisfatória.

Como profissional, que dicas você daria para que a Internet seja uma fonte de prazer e bem-estar, e não de frustrações?
Utilize a Internet para conhecer pessoas, fazer novas amizades e se estimular sexualmente. Mas, nunca esqueça do seu mundo real e tenha cuidado para não se afastar dele. Ficar só no virtual é frustrante e não faz bem ao seu organismo.

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acesse:
http://www.syntony.com.br/artigos_terapia_sexual.asp?artMes=dez2004b_sexo_virtual.asp